A história da prostituição no Brasil: Do Brasil Colônia aos tempos atuais

A prostituição é uma atividade que acompanha a história do Brasil desde o período colonial. Com a chegada dos portugueses no século XVI, estabeleceram-se relações de troca entre colonizadores, muitas vezes envolvendo práticas que hoje poderiam ser entendidas como formas iniciais de prostituição. Já nos séculos XVII e XVIII, com o crescimento dos centros urbanos e dos portos, a prostituição tornou-se parte do cotidiano das cidades, impulsionada pelo aumento do comércio e da circulação de pessoas.

Durante o Império e a República Velha, no século XIX, surgiram as casas de tolerância, os famosos bordéis, locais legalizados onde o exercício da prostituição era permitido sob regulamentação. Era a época das “cortesãs” e das “mulheres da vida”, figuras que influenciaram a cultura popular e a literatura brasileira. Ao longo do século XX, especialmente a partir da década de 1940, houve uma forte tentativa de moralização dos costumes, levando à proibição dos prostíbulos e à criminalização de práticas como o rufianismo (exploração do trabalho sexual). No entanto, o ato de se prostituir nunca foi considerado crime no país.

A internet, a partir dos anos 2000, trouxe uma transformação sem precedentes para o mercado do sexo. Com a criação de sites de anúncios, trabalhadores e trabalhadoras do sexo passaram a ter mais autonomia, podendo divulgar seus serviços diretamente ao público, sem depender de intermediários ou de casas físicas. Esses sites abriram espaço para a exposição de perfis, descrições pessoais e até avaliações de clientes, profissionalizando a apresentação dos serviços.

Paralelamente, os ensaios fotográficos começaram a ganhar destaque como ferramenta de marketing. Fotos profissionais passaram a ser utilizadas para valorizar a imagem dos acompanhantes, agregando um novo padrão estético à profissão, aproximando-a do universo da moda, da beleza e até mesmo da publicidade. Essa tendência também ajudou a mudar a percepção pública sobre o trabalho sexual, dando um tom mais elegante, sofisticado e personalizado à atividade.

Com essa transformação digital, surgiram também novos termos para descrever o trabalho sexual de maneira mais moderna e menos estigmatizada:

Acompanhante: Termo que descreve profissionais que oferecem companhia para eventos sociais, jantares, viagens e, eventualmente, relações íntimas. É associado a discrição e elegância.

Garota de Programa (GP): Expressão popular que se tornou comum, tanto no dia a dia quanto nos próprios anúncios online.

Modelo Book Rosa: Termo que reforça a ligação entre a aparência física e o serviço prestado, aproximando o trabalho sexual do universo de ensaios de moda e lifestyle.

Criadora de Conteúdo Adulto: Com o crescimento de plataformas como OnlyFans, muitas profissionais passaram a gerar e vender conteúdo erótico digital, diversificando suas fontes de renda.

Trabalho sexual: Termo adotado em discursos de direitos humanos para reconhecer a prostituição como uma profissão legítima, com direito a proteção legal e dignidade.

Hoje, a prostituição no Brasil permanece uma atividade legal, ainda que cercada por debates sobre regulamentação e direitos. A internet e a comunicação visual, por meio dos anúncios e dos ensaios, foram fatores decisivos para modernizar, ampliar e redefinir a forma como o trabalho sexual é exercido e percebido pela sociedade.